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Suicídio entre indivíduos com TEA - Transtorno do Espectro do Autismo na Dinamarca

(Tradução Livre)


OBJETIVOS DO ESTUDO

- Analisar se as pessoas com TEA têm taxas mais altas de tentativa de suicídio e suicídio de fato em comparação com pessoas fora do espectro, usando dados de registro nacional dinamarquês;

- Identificar potenciais fatores de risco para tentativa de suicídio e suicídio consumado entre aqueles com TEA;

- Examinar comorbidades com outros transtornos.


PROJETO, LOCAL E PARTICIPANTES

Neste estudo de coorte, registram-se os dados de 1º de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 2016. Foram reunidos 6.559.266 indivíduos na Dinamarca com 10 anos de idade ou mais. A análise estatística foi realizada de 20 de novembro de 2018 a 21 de novembro de 2020.


PRINCIPAIS MEDIDAS

Taxas de tentativa de suicídio e suicídio consumado entre pessoas com TEA foram comparadas com as taxas de pessoas fora do espectro, usando Modelo de Regressão de Poisson para calcular as taxas de incidência ajustadas por sexo, idade e período de tempo.


RESULTADOS

A população total do estudo foi de 6.559.266 indivíduos, sendo que 35.020 indivíduos receberam o diagnóstico de TEA, sendo 25.718 homens (73,4%) com idade média [DP] no momento do diagnóstico de 13,4 [9,3] anos de idade.


Pessoas com TEA tiveram uma taxa 3 vezes maior de tentativa de suicídio (Razão da Taxa de Incidência ajustada [aIRR], 3,19; IC de 95%, 2,93-3,46) e suicídio de fato (aIRR, 3,75; IC de 95%, 2,85-4,92) do que aqueles sem TEA. Para indivíduos com TEA, o aIRR para tentativa de suicídio entre indivíduos do sexo feminino foi 4,41 vezes (IC 95%, 3,74-5,19) maior em comparação com indivíduos do sexo masculino; para indivíduos sem TEA, a aIRR para indivíduos do sexo feminino foi de 1,41 vezes (IC de 95%, 1,39-1,43) maior em comparação com indivíduos do sexo masculino. Taxas mais altas de tentativas de suicídio foram observadas em todos grupos de idade para aqueles com TEA.


TEA E COMORBIDADES

Um total de 25.401 indivíduos (72,5%), dos 35.020 com TEA, receberam um diagnóstico comórbido de outros transtornos psiquiátricos.


Pessoas com diagnóstico único de TEA tiveram apenas uma taxa elevada de 1,33 vezes (aIRR de 1,33, IC de 95%, 0,99-1,78) para tentativa de suicídio, enquanto aqueles com TEA e outros transtornos comórbidos tiveram uma taxa 9 vezes maior (aIRR de 9,27, IC de 95%, 8,51-10,10) para tentativa de suicídio em comparação com os que não tinham outros transtornos psiquiátricos. No estudo dos indivíduos com TEA, 92,3% dos que tentaram suicídio e 90,6% dos que morreram por suicídio tinham pelo menos uma outra comorbidade.


A comorbidade psiquiátrica mais prevalente entre aqueles com TEA foi TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, com 11.456 sujeitos (32,7%), seguido pelos transtornos de ansiedade, dissociativo, relacionado ao estresse e somatoformes, com 9.646 (27,5%) e transtornos afetivos, com 5.770 (16,5%).


TENTATIVA DE SUICÍDIO com TEA e COMORBIDADES

Embora taxas mais altas de tentativas de suicídio tenham sido observadas para a maioria dos examinados com transtornos psiquiátricos comórbidos, nenhuma diferença foi observada para TDAH e deficiência intelectual. A Razão das Taxas de Incidência ajustadas foram mais altas para comorbidades relativamente raras, incluindo TEPT - Transtorno de Estresse Pós-Traumático, Transtornos por Uso de Substâncias e Transtorno de Personalidade Limítrofe.


MORTES POR SUICÍDIO com TEA e COMORBIDADES

No que diz respeito às mortes por suicídio de indivíduos com TEA e pelo menos uma comorbidade psiquiátrica (90,6%), a prevalência foi de transtornos afetivos, com 27 sujeitos (50,9%), seguido por transtornos de ansiedade, dissociativos, relacionados ao estresse e somatoformes, com 25 (47,2%) e transtornos do espectro da esquizofrenia, com 24 (45,3%). A Razão da Taxa de Incidência para suicídio foi mais alta para a comorbidade com depressão e transtornos por uso de substâncias.


FATORES DE PROTEÇÃO| FATORES DE RISCO

Fatores que foram identificados como protetores contra a tentativa de suicídio na população em geral, como idade avançada e maior nível educacional, não foram encontrados entre indivíduos com TEA e alguns fatores, como ser casado ou coabitar e trabalhar, foram identificados como menos protetores entre os sujeitos com TEA. A maioria dos fatores associados ao suicídio na população em geral não foram associados ao suicídio entre aqueles com TEA (por exemplo, sexo masculino ou não ser casado ou coabitar). Comorbidade psiquiátrica foi identificada como um fator de risco importante, com mais de 90% das pessoas com TEA que tentaram ou morreram por suicídio (com ansiedade e transtornos afetivos sendo os mais comuns). Esses fatores são cruciais para avaliar o risco de suicídio por profissionais que trabalham com pessoas com TEA.


Uma possível causa associada entre o TEA e o suicídio, particularmente em adultos, pode ser uma combinação de isolamento social e acesso precário aos cuidados de saúde. Embora seja possível que a dificuldade/incapacidade de estabelecer e manter relações sociais e íntimas esteja associada a tentativas de suicídio entre mulheres adultas com TEA, elas também podem receber um diagnóstico e tratamento tardio no curso do transtorno, sendo capaz de camuflar seus traços autistas.


Os resultados apontam implicações importantes para os profissionais da saúde que trabalham com pessoas com TEA e aqueles que trabalham com pacientes suicidas, destacando a necessidade de uma customização na prevenção ao suicídio. Uma intervenção precoce para aperfeiçoar as habilidades sociais em crianças com TEA provavelmente diminuirá os riscos de comportamento suicida ao longo da vida. No entanto, é essencial expandir o apoio e os serviços para adultos com TEA, especialmente aqueles com comorbidade psiquiátrica, considerando o maior risco de tentativa de suicídio durante a vida. As altas taxas de tentativa de suicídio e suicídio de fato entre indivíduos do sexo feminino com TEA sugerem a necessidade de melhorias nas ferramentas de diagnóstico para evitar atrasos na intervenção.


Novos estudos são necessários para identificar as melhores ferramentas para medir o suicídio entre os sujeitos com TEA.


PONTOS FORTES

- Registro longitudinal em toda a Dinamarca, com poucos dados ausentes.

- As análises foram ajustadas para efeitos de período, evitando um aumento no número de casos ao longo do tempo, o que pode estar associado a diferentes critérios diagnósticos.

- Critério diagnóstico de TEA foi determinado por um psiquiatra infantil em hospital psiquiátrico, utilizando ferramentas diagnósticas padronizadas.

- As análises foram tratadas com relação ao sexo e à idade.


LIMITAÇÕES

Diagnóstico de autismo infantil no hospital psiquiátrico foi considerado válido, entretanto há menos informações sobre TEA nos registros, com possível subnotificações, provavelmente há a perda de alguns casos (por exemplo, se algumas pessoas receberam um diagnóstico apenas na atenção primária). Tentativas de suicídio estão subestimadas nos registros hospitalares dinamarqueses; portanto, as estimativas podem ser consideradas conservadoras.


CONCLUSÕES E RELEVÂNCIA

Este estudo de coorte retrospectivo de âmbito nacional dinamarquês encontrou uma taxa mais elevada de tentativa de suicídio e suicídio consumado entre pessoas com TEA. A comorbidade psiquiátrica foi considerada o principal fator de risco, com mais de 90% daqueles com TEA que tentaram ou morreram por suicídio tendo outra condição comórbida. Vários fatores de risco são diferentes dos fatores de risco na população geral, o que sugere a necessidade de estratégias personalizadas para a prevenção de suicídio.



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