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Sugestões para lidar em casa e na escola com crianças / adolescentes com TDAH

Abaixo serão descritas algumas sugestões Russell Barkley e Kevin Murphy contidas no livro Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: exercícios clínicos.


1. Evitar os atrasos e comunicar o tempo restante.

• Se possível, reduzir ao mínimo o tempo de espera.

• Usar timers, relógios, controladores de tempo ou outros dispositivos que mostrem o tempo como algo físico quando houver limites de tempo para a realização de tarefas.


2. Comunicar informações importantes.

• Colocar lembretes, dicas, sugestões e outras informações-chave em pontos críticos do local para lembrar à criança/ao adolescente o que deve ser feito.


3. Comunicar a motivação (pensar “vencer/vencer”).

• Usar sistemas de símbolos, programas de recompensa, privilégios ou outros reforçadores para ajudar a motivar a criança/adolescente com TDAH.


4. Comunicar a resolução do problema.

• Tentar reduzir os problemas a tarefas manuais, em que as peças do problema podem ser manualmente manipuladas para se encontrar soluções ou criar novas ideias.


5. Usar o retorno imediato.

• Agir rapidamente após um comportamento para proporcionar imediato retorno positivo ou negativo.


6. Aumentar a frequência das consequências.

• Proporcionar mais retorno para um comportamento adequado com mais frequência do que é necessário para uma criança/adolescente que não tenha TDAH.


7. Aumentar a responsabilidade em relação aos outros.

• Fazer a criança/adolescente ser explicitamente responsável por alguém várias vezes durante o dia (ou durante a tarefa ou o local) quando algo precisar ser feito.


8. Usar recompensas mais visíveis e artificiais.

• As crianças/adolescentes com TDAH necessitam de incentivos mais fortes para motivá-los a fazer algo do que os outros fazem com pouca motivação externa.

• Você pode precisar usar recompensas com adesivos, carimbos, bebidas, alimentos, brinquedos, privilégios, símbolos, dinheiro ou outros materiais para ajudar a motivá-los a trabalhar.


9. Mudar periodicamente as recompensas.

• As pessoas com TDAH parecem se entediar mais facilmente com algumas recompensas; por isto, periodicamente, você pode precisar encontrar novas formas para manter o programa interessante.


10. Tocar mais, falar menos.

• Quando você precisar dar uma instrução, aprovação ou reprimenda:

 Vá até a criança/adolescente.

 Toque-a/o na mão, no braço ou no ombro.

 Olhe-a/o nos olhos.

 Declare brevemente o que quer lhe comunicar.

 Depois encoraje a criança/adolescente a repetir o que você acabou de dizer.


11. Agir, não falar demais.

• Proporcione consequências mais imediatas para lidar com o bom e o mau comportamento, em vez de ficar “falando sem parar no assunto”, resmungando ou fazendo longos discursos moralizadores sobre o problema.


12. Negociar, em vez de impor.

• Seguir estes seis passos para uma negociação efetiva do problema:

a) Defina o problema: escreva-o e mantenha os membros da família informados da tarefa.

b) Gere uma lista de todas as possíveis soluções. Não são permitidas críticas neste estágio.

c) Depois que todas as soluções tiverem sido listadas, deixe cada pessoa criticar brevemente cada possibilidade.

d) Escolha a opção mais agradável.

e) Torne este um contrato de comportamento (todos os membros da família devem assiná-lo).

f) Estabeleça penalidades por quebra do contrato.


13. Conservar seu senso de humor.

• Descubra o humor, a ironia, a frivolidade ou as coisas cômicas que acontecem na vida diária com as crianças/adolescentes e ria com seu filho sobre tais coisas.


14. Usar as recompensas antes da punição.

• Você quer mudar um comportamento problemático?

• Identifique o comportamento positivo ou pró-social que você quer para substituir o comportamento problemático.

• Recompense generosamente (elogie, aprove) o novo comportamento toda vez que o observar.

• Após uma semana fazendo isto, use uma punição leve (a perda de algo simbólico ou de um privilégio) quando o comportamento problemático alternativo ocorrer.


15. Antecipar os ambientes problemáticos (especialmente para crianças pequenas) e fazer um plano de transição:

• Antes de iniciar uma nova atividade ou tarefa ou antes de entrar em um lugar novo, pare!

• Reveja duas ou três regras que a criança precisa obedecer.

• Faça a criança repetir estas regras.

• Estabeleça um incentivo ou recompensa.

• Estabeleça a punição que será usada.

• Dê à criança algo ativo para fazer na tarefa ou no novo local.

• Comece a tarefa (ou entre no novo local) e então siga seu plano.

• Recompense durante toda a tarefa ou atividade.


16. Mantenha um senso de prioridades.

• Segundo um dito popular, “Não se desgaste por pouco”. Grande parte do que pedimos às crianças/aos adolescentes fazerem são coisas pouco importantes e tediosas no esquema maior de seu desenvolvimento.

• Concentre seus esforços nas atividades ou tarefas importantes que mais importam a longo prazo (escola, relação com os pares, etc.), e não nas tarefas menores, menos importantes (limpar, catar coisas, etc.) que pouco contribuem para o desenvolvimento a longo prazo.


17. Mantenha uma perspectiva de déficit.

• O TDAH é um transtorno neurogenético; seu filho não escolheu ser assim.


18. Pratique o perdão (de seu filho ou de você mesmo ou dos outros que possam interpretar mal o comportamento de seu filho).


Acomodações em classe para crianças/adolescentes com TDAH


MANEJO DA CLASSE: CONSIDERAÇÕES BÁSICAS

• Não obrigue a criança/adolescente a repetir de ano! A pesquisa mostra que isto prejudica, não ajuda. Ao contrário, faça um plano de tratamento.

• Use as primeiras semanas do ano letivo para estabelecer o controle de seu comportamento.

• Reduza sua carga de trabalho total.

• Dê-lhe pequenas cotas de trabalho de cada vez, com interrupções frequentes (por exemplo, 5 problemas de cada vez, não 10).

• Use a disposição tradicional das carteiras (isto é, todas as carteiras voltadas para a área de ensino).

• Sente uma criança/adolescente com TDAH perto da área de ensino, para permitir mais supervisão e fiscalização.

• Vise primeiro a produtividade (número de problemas tentados); depois, concentre-se na acurácia.

• Não mande para casa trabalho de classe inacabado.

• Dê atribuições de lição de casa semanais, para que os pais possam planejar sua semana em conformidade com isto.

• Reduza/elimine as lições de casa para crianças do ensino fundamental (a pesquisa não demonstra claramente que a lição de casa beneficia as crianças antes do ensino médio).

• Se tiver de ser dada lição de casa, mantenha-a em um total de 10 minutos x a série na escola.

• Permita alguma desorganização na área de trabalho.

• Faça pausas frequentes para exercícios físicos.

• Providencie divisórias coloridas e outros sistemas de organização.

• Experimente usar o texto com codificação colorida, usando marca-textos para assinalar os pontos principais.

• Use o ensino participativo: dê aos alunos algo que fazer para ajudá-lo enquanto ensina.

• Experimente usar lousas laminadas, não respostas impulsivas. Cada criança fica com um quadro branco e uma caneta hidrográfica, e quando as perguntas são feitas, todos escrevem a resposta em seu quadro e o levantam no ar. Só chame algum aluno depois que todos os quadros tiverem sido levantados.

• Chame um “colega de estudo” para fazer lição de casa.

• Intercale as atividades de baixa atratividade com as de alta atratividade para manter o nível de interesse.

• Seja mais animado, teatral e dramático quando ensinar (torne seu ensino interessante!).

• Quando falar com uma criança com TDAH, toque nela (coloque uma mão na mão, no braço ou no ombro da criança).

• Programe as matérias mais difíceis para os primeiros períodos do dia letivo.

• Use ensino direto, aprendizagem programada ou materiais de ensino extremamente estruturados.

• Faça a criança preestabelecer objetivos de trabalho (“Quantos problemas você pode fazer para mim?”).

• Requeira anotações contínuas durante as aulas expositivas e durante a leitura.


TUTORIA DOS PARES

• Crie e distribua materiais (apostilas de trabalho).

• Ensine à classe novos conceitos e habilidades.

• Proporcione instruções iniciais para o trabalho a ser feito.

• Divida a classe em díades (duplas).

• Faça um aluno ser o tutor e testar o outro.

• Circule, supervisione e treine as duplas.

• Alterne os papéis (tutor vs. aluno) na dupla.

• Agrupe semanalmente os alunos em novas duplas.

• Faça um gráfico e coloque em um quadro os resultados dos testes.


AUMENTANDO OS INCENTIVOS

• Aumente os elogios, a aprovação e a apreciação.

• Faça muitos elogios curtos durante o dia.

• Use um sistema de símbolos ou pontos para organizar as consequências.

• Experimente recompensas baseadas em equipes (quatro ou cinco alunos por equipe; as equipes competem).

• Crie uma playlist com um programa de sons/músicas frequentes em intervalos variáveis.

• Diga aos alunos que quando os sons tocarem e eles estiverem fazendo o trabalho em suas carteiras, eles deverão se autoavaliar e então se autorrecompensar com um ponto se estiverem trabalhando.

• Permita frequentemente o acesso a recompensas (diariamente ou com maior frequência).

• Mantenha a proporção entre recompensa e punição em 2:1 ou maior, de forma que a classe permaneça sendo gratificante, e não punitiva.

• Considere o uso de um cartão de relatório diário do comportamento.



COLOCANDO REGRAS E TEMPO EM FORMAS FÍSICAS

• Afixe as regras em cartazes para cada período de trabalho.

• Crie um sinal de parada com três lados com as regras da classe para as crianças pequenas: Vermelho = leitura; amarelo = trabalho na carteira, verde = jogo livre.

• Coloque conjuntos de cartões laminados coloridos nas carteiras, com um conjunto de regras para cada matéria ou atividade em classe.

• Faça a criança recordar as regras no início de cada atividade.

• Faça a criança usar autoinstrução vocal em voz baixa durante o trabalho.

• Crie encorajamentos gravados pelo pai ou pela mãe como lembretes de regras para o comportamento durante a tarefa; a criança pode ouvi-las durante o trabalho na carteira.

• Use timers, relógios, indicações de tempo gravadas ou outros dispositivos para mostrar quanto tempo as crianças ainda têm para realizar uma atividade.


TREINANDO A AUTOCONSCIÊNCIA

• Faça a criança registrar a produtividade no trabalho em uma tabela ou gráfico diário colocados em uma exposição pública.

• Faça a criança se autoavaliar em um cartão de conduta diário.

• Sugira à criança se automonitorar, ao ouvir esta palavra “Tartaruga”:

 A criança pára o que está fazendo, juntando as mãos e as pernas.

 A criança lentamente passa os olhos pela classe.

 A criança se pergunta, “O que me disseram para fazer?”

 A criança retorna à tarefa designada.

• Faça a criança usar um dispositivo de aviso táctil, (um relógio, por exemplo, vibratório com um timer digital embutido) para ajudá-la periodicamente a prestar atenção.

• Use avisos confidenciais não-verbais para adolescentes (por exemplo, diga-lhes que, se você colocar as mãos nos ombros deles é um aviso para prestar atenção em você.

• Em casos graves, considere gravar em vídeo a criança na classe para semanalmente dar suporte à sessão com o psicólogo da escola.


POSSÍVEIS MÉTODOS DE PUNIÇÃO

• Cheque com o diretor da escola sobre as políticas de punição da escola.

• Personalize reprimendas leves, privadas e diretas (ir até a criança, tocar a criança no braço ou no ombro, fazer uma declaração corretiva breve).

• A chamada de atenção imediata é a chave da disciplina: o que faz a punição funcionar é a velocidade com que ela é implementada após o comportamento inadequado.

• Experimente o procedimento “Faça uma tarefa”:

a) Coloque uma carteira no fundo da classe com folhas de exercícios empilhadas sobre ela.

b) Quando uma criança comportar-se mal, diga-lhe o que ela fez de errado e lhe dê um número.

c) A criança vai até a carteira e faz aquele número de exercícios durante um intervalo de tempo.

d) Quando o trabalho for finalizado, a criança o coloca sobre a mesa do professor e retorna a sua carteira habitual.

e) Use o custo da resposta (a perda de símbolos ou de um privilégio ligado ao mau comportamento).

• Designe ensaios morais: Faça a criança escrever “Por que eu não devo ... [por exemplo, “bater nos outros colegas].”

• Estabeleça um local de “esfriamento” para readquirir o controle emocional.

• Somente em casos graves use as suspensões da escola ou as expulsões de classe para os alunos com transtornos comportamentais/emocionais.


DICAS PARA ADOLESCENTES

• Considere o uso de medicação para os dias letivos (faça os pais gratificarem os adolescentes por dia, caso necessário).

• Encontre um “treinador” ou “mentor” na escola que possa reservar apenas 15 minutos para ajudar um adolescente.

• Programe check-up de cinco minutos durante cada dia letivo: o adolescente vai até o treinador nesse tempo para rever o dia letivo, a lista de atribuições e o cartão de relatório diário do comportamento, e o treinador tem com ele uma conversa motivadora para estimulá-lo até o próximo check-up.

• Use a lista de atribuição diária para registrar a lição de casa.

• Use um cartão de comportamento escolar diário ou semanal (com uma possível passagem para a autoavaliação após duas semanas com bons comportamentos).

• Encoraje o adolescente a aprender a digitação e o uso do teclado do computador.

• Programe as aulas mais difíceis para as primeiras horas do dia.

• Não há evidência de que permitir um tempo extra para os testes com tempo marcado seja de alguma utilidade; é melhor ter um local de teste isento de fatores de distração.

• Permita que o adolescente ouça música enquanto faz a lição de casa.

• Coloque resumos escritos nas apostilas para rever e estudar.

• Requeira que o adolescente faça anotações em classe, enquanto está lendo, para ajudá-lo a prestar atenção.

• Encoraje o adolescente a “estudar com um colega” depois da escola.

• Convença o adolescente a frequentar sessões de ajuda após a escola quando estas estiverem disponíveis.


FONTE: Livro: Barkley, R.A.; Murphy, K.R. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: exercícios clínicos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.


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