top of page

Pesquisas sobre as funções cognitivas em pacientes com deficiência de hormônio do crescimento - GH

Abaixo há uma seleção de 7 artigos científicos publicados no Brasil e no exterior sobre a relação entre o hormônio do crescimento - GH - e as alterações nas funções cognitivas como atenção e memória.


Effects of growth hormone in the central nervous system (Tradução livre)

Efeitos do hormônio do crescimento no sistema nervoso central (2019)

O hormônio do crescimento (GH) é mais conhecido por seu efeito estimulador do tecido e o crescimento somático através da regulação da divisão celular, regeneração e proliferação. No entanto, os neurônios responsivos ao GH estão espalhados por todo o sistema nervoso central, sugerindo que eles têm papéis importantes no cérebro.


O objetivo da presente revisão é resumir e discutir a potencial importância fisiológica da ação do GH no sistema nervoso central. Fornecemos evidências de que a sinalização do GH no cérebro regula a fisiologia de inúmeras funções, como cognição, comportamento, alterações neuroendócrinas e metabolismo.


EFEITOS COGNITIVOS DO GH

Estudos anteriores indicam que indivíduos com deficiência de GH podem apresentar várias anormalidades cognitivas e neurológicas, incluindo prejuízos na memória, cansaço, problemas de sono, diminuição do bem-estar, distúrbios de humor e déficit de atenção. Além disso, o GH tem efeitos neuroprotetores, e algumas consequências cognitivas do envelhecimento possivelmente estão associadas à diminuição da secreção de GH típica de idosos. No entanto, embora a deficiência de GH seja um modelo interessante para determinar o papel do GH nas funções cognitivas, indivíduos com deficiência de GH apresentam múltiplas anormalidades endócrinas e metabólicas, tornando difícil determinar se os efeitos são causados ​​pela falta de sinalização do receptor do GH em si ou por um fator secundário, indireto. O principal fator de confusão associado à deficiência de GH é a diminuição dos níveis circulantes de IGF-1, uma vez que o IGF-1 também possui efeitos neuroprotetores e regula a expressão de fatores moleculares envolvidos nas funções cognitivas. Além disso, a resistência cerebral à insulina está associada à resistência ao IGF-1, e esses defeitos contribuem para o declínio cognitivo em pacientes com doença de Alzheimer.


Dados obtidos de modelos animais experimentais mostraram que interrupções na sinalização do GH em populações neuronais específicas podem afetar o eixo reprodutivo e prejudicar a ingestão alimentar durante condições de privação de glicose, adaptações neuroendócrinas durante a restrição alimentar e respostas contrarreguladoras à hipoglicemia, podendo modificar o metabolismo gestacional.


Portanto, o cérebro é um importante tecido-alvo do GH, e alterações na ação do GH no sistema nervoso central podem explicar algumas disfunções apresentadas por indivíduos com secreção excessiva ou deficiência de GH. Além disso, o GH atua em populações neuronais específicas durante situações de estresse metabólico para promover ajustes fisiológicos adequados, restabelecendo a homeostase.


Jornal Oficial da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo

https://www.scielo.br/j/aem/a/rf7csWYVWq9xBMkzhVWSfYt/?lang=en



Influência da reposição do hormônio do crescimento no desenvolvimento neuropsicomotor. Relato de caso. (2018)

A resposta estatural ao uso de hormônio do crescimento na baixa estatura já está comprovada na literatura. A influência dos componentes do eixo fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (GH-IGF1) sobre desenvolvimento, função, regeneração, neuroproteção, cognição e funções motoras tem sido avaliada em estudos experimentais e em adultos com lesão de sistema nervoso central.


No entanto, ainda são poucas as pesquisas sobre o impacto clínico da reposição hormonal no desenvolvimento neuropsicomotor. Este relato apresenta o caso de um paciente com excelente recuperação pôndero-estatural e, de forma ainda mais surpreendente, de desenvolvimento neuropsicomotor, em resposta ao uso de hormônio do crescimento.


Estudos recentes evidenciam também diminuição de função cognitiva em crianças portadoras de deficiência de GH, sugerindo que a deficiência deste hormônio impacta em diversos aspectos do desenvolvimento. Atualmente já há evidências que suportam a hipótese de que anormalidades no eixo GH-IGF1 afetam o desenvolvimento estrutural do cérebro e do trato córtico-espinhal, levando a dificuldades na cognição e das funções motoras.


Clinicamente, a deficiência de hormônio de crescimento se manifesta de forma variável, acarretando desde apenas baixa estatura até quadros mais graves, como o relato de caso apresentado, com atraso de desenvolvimento neuropsicomotor.


O resultado observado fortalece a correlação entre achados experimentais e clínicos, no que diz respeito à resposta da plasticidade cerebral ao hormônio do crescimento em crianças. Paciente do sexo masculino nasceu pré-termo com múltiplos agravos no período neonatal e de lactente jovem, e que, por 6 anos, apresentou deficit relevante do crescimento, na maturação óssea e do desenvolvimento neuropsicomotor. Aos 6 anos de idade, apresentava baixa estatura (escore Z de -6,89), baixa velocidade de crescimento e baixo peso (escore Z de -7,91). Era incapaz de sustentar o peso axial, não tinha desenvolvido habilidade motora fina e nem controle esfincteriano, e apresentava também disfunção na deglutição e na linguagem.


Exames complementares mostraram IGF1 baixo, sem alterações na imagem da região hipotálamo-hipofisária e idade óssea compatível com 3 anos − para a idade cronológica de 6 anos e 1 mês. A terapia de reposição com hormônio do crescimento promoveu forte impacto na recuperação pôndero-estatural e também do desenvolvimento neuropsicomotor desta criança.


Publicação Oficial do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein.

Growth hormone and cognitive function (Tradução livre)

Hormônio do crescimento e função cognitiva (2013)

Dados crescentes indicam que a terapia com hormônio do crescimento (GH) pode ter um papel na melhoria da função cognitiva. A terapia de reposição de GH em animais experimentais e pacientes humanos neutraliza a disfunção de muitos comportamentos relacionados ao sistema nervoso central (SNC).


Várias funções cognitivas relacionadas ao aprendizado e à memória, são conhecidas por serem induzidas pelo GH; o hormônio pode interagir com receptores específicos localizados em áreas do SNC que estão associadas à anatomia funcional desses comportamentos.


Acredita-se que o GH afete os circuitos excitatórios envolvidos na plasticidade sináptica, o que altera a capacidade cognitiva. O GH também tem um efeito protetor no SNC, conforme indicado por seus efeitos benéficos em pacientes com lesão da medula espinhal. Dados coletados de modelos animais indicam que o GH também pode estimular a neurogênese.


Esta revisão discute os mecanismos subjacentes às interações entre GH e o SNC, e os dados emergentes de estudos em animais e humanos sobre a relação entre GH e função cognitiva. Neste artigo, é dada ênfase especial ao papel do GH como tratamento para pacientes com comprometimento cognitivo decorrente da deficiência do hormônio.


Revista de Endocrinologia - Inglaterra

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23629538/



Psychiatric and neuropsychological changes in growth hormone-deficient patients after traumatic brain injury in response to growth hormone therapy (Tradução livre)

Alterações psiquiátricas e neuropsicológicas em pacientes com deficiência de hormônio do crescimento após traumatismo cranioencefálico em resposta à terapia com hormônio do crescimento (2010)

Objetivo: O traumatismo cranioencefálico (TCE) foi recentemente reconhecido como fator de risco para déficit cognitivo e hipopituitarismo, apresentando-se mais frequentemente com deficiência de GH. A deficiência está associada não apenas a alterações na composição corporal, mas também a comprometimento da qualidade de vida, disfunções cognitivas e algumas sequelas psiquiátricas, geralmente classificadas como "depressão" ou "depressão atípica". O impacto da terapia com GH no estado mental de pacientes com TCE ainda é desconhecido.


Método: As funções psiquiátricas e cognitivas foram testadas em 6 pacientes com deficiência de GH no início do estudo (mínimo 3 anos após TCE), reavaliadas após 6 meses de terapia com GH, bem como 12 meses após a descontinuação da terapia com GH. Os exames psiquiátricos e cognitivos incluíram entrevistas semiestruturadas e 3 instrumentos: lista de verificação de sintomas (SCL-90-R), Inventário de Depressão de Zung e bateria neuropsicológica padrão.


Resultados: Seis meses de terapia com GH em pacientes com TCE com deficiência de GH melhoraram as habilidades cognitivas (especialmente a memória verbal e não verbal) e melhoraram significativamente o funcionamento psiquiátrico. A gravidade da depressão diminuiu, assim como a intensidade da sensibilidade interpessoal, hostilidade, ideação paranóide, ansiedade e neuroticismo. Somatização, sintoma obsessivo-compulsivo e ansiedade fóbica diminuíram em todos, exceto em um paciente. Em 3 pacientes com deficiência de GH que interromperam a terapia com GH por 12 meses, registramos piora da memória verbal e não verbal, bem como sintomas em 3 dimensões do SCL: sensibilidade interpessoal, ansiedade e ideação paranóide.


Conclusão: Pacientes com TCE com deficiência de GH estão deprimidos e apresentam comprometimento cognitivo. A terapia com GH induziu a redução da depressão, disfunção social e certos domínios cognitivos. Nossos dados preliminares apoiam a necessidade de realizar estudos randomizados controlados por placebo sobre os efeitos da terapia com GH no estado neuropsicológico e psiquiátrico em pacientes com TCE de GHD.


Jornal de Investigação Endocrinológica - Itália



The effects of growth hormone (GH) deficiency and GH replacement on cognitive performance in adults: A meta-analysis of the current literature (Tradução livre)

Os efeitos da deficiência e da reposição de hormônio do crescimento (GH) no desempenho cognitivo em adultos: uma meta-análise da literatura atual. (2006)

Objetivo: Há evidências crescentes na literatura neuropsicológica de que a eficiência de hormônio do crescimento (GH) está associada ao comprometimento cognitivo. Há também evidências de que esse comprometimento pode ser melhorado com terapia de reposição de GH. O presente estudo avaliou a natureza e a gravidade do comprometimento cognitivo associado à deficiência de hormônio do crescimento, bem como o efeito da reposição de GH na função cognitiva através da realização de uma meta-análise da literatura publicada até o momento.


Método: 13 estudos preencheram os critérios de inclusão, sendo: 5 estudos transversais, investigando a deficiência de GH; e, 8 (8 prospectivos, dois dos quais também incluíram comparações transversais) investigando a reposição de GH. Foram computados o tamanho do efeito (D de Cohen) caindo em seis domínios cognitivos (separadamente para deficiência de GH e reposição de GH).


Resultados: Para a deficiência de GH, cada um dos domínios cognitivos avaliados (além da linguagem) apresentou comprometimentos de moderado a grave quando comparados aos controles pareados (tamanho de efeito -0,46 a -1,46).

Para a reposição de GH, embora os pacientes tratados ainda tenham um desempenho moderado a amplamente inferior ao dos controles, quando comparados às suas próprias linhas de base (como em análises prospectivas), melhorias moderadas foram encontradas no desempenho cognitivo, particularmente na atenção e na memória.


Conclusão: Esta meta-análise demonstra claramente a correlação entre o GH e o desempenho cognitivo, onde o baixo desempenho pode ser melhorado com o tratamento com GH.


Jornal de Psiconeuroendocrinologia - Inglaterra



Neurocognitive Function in Adults with Growth Hormone Deficiency (Tradução livre)

Função neurocognitiva em adultos com deficiência do hormônio do crescimento (2005)

A condição clínica de deficiência de hormônio do crescimento como consequência de doença hipofisária ou hipotalâmica tem sido associada à redução do desempenho cognitivo. Em vários estudos, a avaliação neuropsicológica foi realizada em adultos com deficiência no GH, antes e após a terapia de reposição de hormônio de crescimento.


Como altas concentrações de receptores de GH e IGF-I foram demonstradas em áreas cerebrais envolvidas no funcionamento neurocognitivo (por exemplo, hipocampo, giro para-hipocampal e amígdala), isso levou à hipótese de que o desempenho cognitivo é afetado pela deficiência de GH e pode ser revertido por reposição de GH. Nesta revisão, vamos nos concentrar nos déficits cognitivos em adultos com deficiência de GH e nos efeitos da terapia de reposição de GH.


A interpretação dos dados disponíveis é complexa pela variação na seleção dos pacientes, bem como pelos testes neuropsicológicos utilizados em tais estudos. A maioria dos estudos disponíveis indica que a deficiência do GH pode levar a pequenas, mas clinicamente relevantes, alterações na memória, velocidade de processamento e atenção. Algumas dessas alterações podem ser revertidas pela reposição do GH, embora o número de estudos de intervenção confiáveis ​​seja limitado.


Além da possível relevância clínica da melhora neuropsicológica após a reposição de GH em pacientes com a deficiência, os achados podem ser de interesse para estudos de desempenho neurocognitivo em outras condições associadas a alterações na atividade do eixo somatotrófico e na compreensão das causas subjacentes a mecanismos fisiopatológicos.


Jornal de Pesquisa Hormonal em Pediatria - Suíça

https://www.karger.com/Article/Abstract/89326



Impacto do tratamento com hormônio de crescimento recombinante (rh-GH) sobre as características psiquiátricas, neuropsicológicas e clínicas de adultos com deficiência de GH: ensaio clínico duplo-cego controlado com placebo (1999)

Introdução: Pacientes com deficiência de hormônio de crescimento (GH) apresentam diversas alterações clínicas (ex: redução de massa muscular e de função cardíaca) e psíquicas (ex: quadros fóbicos, sintomas depressivos e déficits cognitivos).


Objetivo: Avaliar o impacto da terapêutica com rh-GH em adultos com deficiência de GH.


Método: 9 pacientes foram diagnosticados com deficiência de GH e então submetidos a ensaio clínico, duplo-cego, controlado, recebendo rh-GH (0,250UI/Kg/semana) ou placebo, por período de 6 meses.


Resultados: Houve melhora significativa (p<0,05) em parâmetros clínicos (aumento de massa muscular, redução do índice de massa corpórea (BMI), aumento de gasto energético), psiquiátricos (sintomas depressivos avaliados pelas escalas de Beck e Hamilton (p= 0,043)) e neuropsicológicos (testes de atenção (p= 0,035), fluência verbal (FAS: p= 0,02), além da melhora de eficiência cognitiva (testes do WAIS-R: vocabulário (p= 0,027) , Arranjo de Figuras (p= 0,017), Compreensão (p= 0,01) ).


Conclusão: Prejuízos clínicos, psíquicos e neuropsicológicos causados pela deficiência de GH em adultos podem ser reduzidos pela terapêutica com rh-GH.


Jornal Oficial da Academia Brasileira de Neurologia – Arquivos de Neuropsiquiatria

https://www.scielo.br/j/anp/a/vfKQsGcwwdvfWg8vFtySMVr/?lang=en



Posts recentes

Ver tudo

Comentários


Av. Com Videlmo Munhoz, 130 Sala3
Anhangabaú Jundiaí SP Brasil
13208-050
 +55 11 99173 8631
whatsapp-1.png
bottom of page