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PERFIS NEUROPSICOLÓGICOS DO TDAH – TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

Abaixo são apresentados 6 artigos científicos de atuais pesquisas feitas sobre os perfis neuropsicológicos de adultos com TDAH.


Herdabilidade e Características Clínicas de Perfis Neuropsicológicos de Jovens Com e Sem Sintomas Elevados de TDAH, EUA, 2022.


Objetivo: Na última década, houve um aumento nas pesquisas que visam analisar heterogeneidade no TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. O presente estudo avalia a herdabilidade latente dos subtipos neuropsicológicos.


Método: A Análise de Classe Latente foi utilizada para derivar subtipos em uma amostra de gêmeos em idade escolar (N = 2.564) com sintomas elevados de TDAH.


Resultados: Cinco perfis neuropsicológicos replicados em conjuntos de gêmeos 1 e gêmeos 2. Membros da classe latente eram todos hereditários, mas a herdabilidade variava de acordo com o perfil e era inferior a herdabilidade da condição de TDAH. A variabilidade no desempenho neuropsicológico entre os domínios foi o mais forte preditor de sintomas elevados de TDAH. Perfis neuropsicológicos mostraram distintas associações entre idade, sintomas psiquiátricos e capacidade de leitura.


No geral, a apresentação de cinco perfis pareceu ser a mais confiável e clinicamente significativa e foi aceita para uso em análises subsequentes. Os cinco perfis são descritos e incluíram classes caracterizadas por:


1) Alto Desempenho Global (High Perf),

2) Desempenho Médio Superior com rendimento relativamente menor no domínio Inibição (Lower INH),

3) Desempenho Médio com rendimento relativamente menor nos domínios: Memória de Trabalho e Velocidade de Processamento (Lower WM/PS),

4) Desempenho Médio com rendimento abaixo da média em Tempo de Reação do Sinal de Parada e variabilidade no Tempo de Reação (Low SSRT/VRT) e

5) Desempenho Médio Inferior com rendimento abaixo da média no domínio Velocidade de Processamento (Low PS).


Como os indicadores contínuos foram transformados em variáveis de três níveis, a variabilidade do desempenho nos extremos (ou seja, acima do 75º percentil ou abaixo do 25º percentil) não foi modelada.


Conclusão: Os perfis neuropsicológicos estão associados a características neurocognitivas únicas, entretanto não são fortes endofenótipos para o diagnóstico de TDAH.

 

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Caracterização dos Domínios Cognitivos do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade em Adultos: uma revisão sistemática, Austria, 2021.

Journal of Neural Transmission https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33620582/


O TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - é supostamente o transtorno do neurodesenvolvimento mais frequentemente diagnosticado durante a infância, e é reconhecido como uma condição comum na idade adulta.


Revisamos as evidências para ajudar a identificar os domínios cognitivos associados a déficits no TDAH. Uma revisão sistemática com síntese narrativa foi realizada em adultos com mais de 18 anos de idade com diagnóstico de TDAH, avaliando os estudos sobre a neuropsicologia e a pesquisa sobre os domínios cognitivos em sete bancos de dados eletrônicos - PubMed, PsychInfo, WebOfScience, Embase, Scopus, OvidSPMedline e Teseo - e em dois bancos de dados de literatura cinzenta - Worldcat e OpenGrey.

  

93 estudos foram incluídos nesta revisão, abrangendo descobertas de um total de 5574 adultos diagnosticados apenas com TDAH, nunca expostos a medicamentos ou não-medicados no momento da avaliação e 4880 controles saudáveis. 


Esta revisão sistemática visa estabelecer uma caracterização por domínios cognitivos do TDAH em adultos, quando comparados a controles saudáveis, e mostrou como é possível estabelecer um perfil cognitivo abrangente que define o TDAH em adultos como um transtorno que inclui déficits em todas as modalidades de Atenção (com destaque para Desatenção, Impulsividade, Interferência por estímulos irrelevantes, Atenção Dividida, Atenção Sustentada e Velocidade de Processamento), Funções Executivas (Memória de Trabalho e Inibição, com ênfase especial no atraso de recompensa e controle de interferência), Memória (principalmente Verbal), Linguagem (principalmente Leitura), Cognição Social (com resultados mistos) e Habilidades Aritméticas, contribuindo para uma descrição mais abrangente do perfil cognitivo no TDAH em adultos.


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Funcionamento Neuropsicológico de Indivíduos Adultos com TDAH, Austria, 2021.

Journal of Neural Transmission https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33355692/


Objetivos: Vários estudos mostraram que adultos com TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - sofrem com deficiências em uma série de funções cognitivas quando comparados a controles saudáveis. No entanto, pouco se sabe sobre as funções neuropsicológicas quando comparadas a vários grupos de controle clínico e se um perfil neuropsicológico distinto pode ser identificado para o TDAH em adultos.


Método: Este estudo retrospectivo examinou dados de 199 pacientes ambulatoriais encaminhados para avaliação clínica de TDAH, alocados em um grupo de TDAH (n = 78) ou em um dos dois grupos de comparação clínica: os que mostraram indicações (n = 71) ou nenhuma indicação (n = 50) para a presença de transtornos psiquiátricos diferentes do TDAH. Todos os indivíduos realizaram uma bateria completa de testes neuropsicológicos.


Resultados: A análise de dados revelou deficiências em uma série de funções cognitivas em um número substancial de pacientes em todos os três grupos. No entanto, os perfis de deficiências neuropsicológicas foram semelhantes entre os grupos. Além disso, correlações significativas de pequeno a médio porte entre funções cognitivas básicas e de ordem superior foram reveladas no grupo de TDAH e no grupo de comparação clínica com indicações para transtornos psiquiátricos diferentes do TDAH.

 

Conclusão: Este estudo demonstra que indivíduos que buscam uma avaliação clínica de TDAH em adultos apresentam comprometimentos acentuados em vários aspectos das funções cognitivas, independentemente de preencherem ou não os critérios de diagnóstico para TDAH.


Isso é enfatizado por comparações de grupo que indicam que não há diferenças significativas nas funções cognitivas entre pacientes com TDAH, o grupo de comparação clínica e o grupo de comparação clínica sem status diagnóstico. 


Concluímos que os déficits cognitivos são proeminentes em pacientes desse cenário, mas não são específicos para TDAH e uma avaliação neuropsicológica, usando testes cognitivos, pode não fornecer ao clínico informações incrementais para o processo de diagnóstico diferencial de TDAH adulto. 


Além disso, concluímos e apoiamos trabalhos anteriores cujos déficits em uma variedade de domínios cognitivos podem ser substancialmente explicados por déficits em funções cognitivas de ordem inferior, como Velocidade de Processamento e aspectos básicos de Atenção e Distração.

 


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Perfis Latentes Distintos de Memória de Trabalho e Velocidade de Processamento em Adultos com TDAH, Inglaterra, 2021.

Developmental Neuropsychology https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34743616/


Este estudo examinou o perfil neuropsicológico de pacientes com TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade com base nos índices de Memória de Trabalho e Velocidade de Processamento da Escala de Inteligência de Adultos Wechsler - Quarta Edição - WAIS-IV.


Nosso objetivo foi estabelecer se subtipos distintos de TDAH surgem com base em testes neuropsicológicos e determinar se os subgrupos de TDAH diferem com base em fatores neurocognitivos e demográficos em 179 pacientes adultos com TDAH.


A Análise de Perfil Latente - LPA - revelou quatro subgrupos latentes discretos dentro da amostra, cada um com padrões distintos de Memória de Trabalho e Velocidade de Processamento. As classes diferiram significativamente em QI que já era previsto demograficamente, em educação e em depressão e ansiedade autorrelatadas. Os resultados revelam heterogeneidade no desempenho cognitivo de adultos com TDAH.



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Validade da Teoria da Função Executiva no TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: uma revisão meta-analítica, EUA, 2005.

Journal of the Society of Biological Psychiatry https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15950006/


Uma das teorias neuropsicológicas mais proeminentes do TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - sugere que seus sintomas surgem de um déficit primário nas FE - Funções Executivas, definido como processos neurocognitivos que mantêm um conjunto apropriado de resolução de problemas para atingir um objetivo posterior. 


Para examinar a validade da teoria da FE, conduzimos uma meta-análise de 83 estudos que administraram medidas de FE a grupos com TDAH (N = 3.734 total) e sem TDAH (N = 2.969). Os grupos com TDAH exibiram prejuízo significativo em todas as tarefas de FE.


O tamanho dos efeitos para todas as medidas caiu na faixa média (0,46-0,69), mas os efeitos mais fortes e consistentes foram obtidos nas medidas de inibição de resposta, vigilância, memória de trabalho e planejamento. 


A fraqueza na FE foi significativa tanto nas amostras clínicas quanto nas comunitárias e não foram melhor explicadas por diferenças de grupo em termos de inteligência, desempenho acadêmico ou sintomas de outros transtornos.


O TDAH está associado a fraquezas significativas em vários domínios-chave de FE. No entanto, o tamanho de efeito moderado e a falta de universalidade dos déficits de FE entre indivíduos com TDAH sugerem que as fraquezas na FE não são necessárias e nem suficientes para causar todos os tipos de TDAH.


As dificuldades em FE parecem ser um componente importante na complexa neuropsicologia do TDAH.


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Declaração de Consenso Internacional da Federação Mundial de TDAH: 208 conclusões baseadas em evidências sobre o transtorno, EUA, 2021.

Neuroscience and Biobehavioral Reviews   https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8328933/


Histórico: Conceitos errôneos sobre TDAH estigmatizam pessoas afetadas, reduzem a credibilidade dos provedores e impedem/atrasam o tratamento. Para esclarecer conceitos errôneos, selecionamos descobertas baseadas em robustas evidências.


Métodos: Revisamos estudos com mais de 2.000 participantes, ou meta-análises de cinco ou mais estudos. Excluímos meta-análises que não avaliaram viés de publicação, exceto meta-análises de prevalência. Para meta-análises de rede, exigimos gráficos de funil ajustados de comparação. Excluímos estudos de tratamento com controles de lista de espera ou tratamento usual. Dessa literatura, extraímos afirmações baseadas em evidências sobre o transtorno.


Resultados: Geramos 208 declarações com suporte empírico sobre TDAH. O status das declarações incluídas como empiricamente suportadas é aprovado por 80 autores de 27 países e 6 continentes. O conteúdo do manuscrito é endossado por 403 pessoas que leram este documento e concordam com seu conteúdo.

 

Conclusões: Muitos achados em TDAH são apoiados por meta-análises. Eles permitem declarações firmes sobre a natureza, o curso, as causas e os tratamentos para transtornos que são úteis para reduzir equívocos e estigmas.

Achados

Itens

A síndrome que agora chamamos de TDAH é descrita na literatura médica desde 1775.

1 – 13

Quando feito por um clínico licenciado, o diagnóstico de TDAH é bem definido e válido em todas as idades, mesmo na presença de outros transtornos psiquiátricos, o que é comum de ocorrer.

14–19

O TDAH é mais comum em homens e ocorre em 5,9% dos jovens e 2,5% dos adultos. Foi encontrado em estudos da Europa, Escandinávia, Austrália, Ásia, Oriente Médio, América do Sul e América do Norte.

20–25

O TDAH raramente é causado por um único fator de risco genético ou ambiental, mas a maioria dos casos de TDAH é causada pelos efeitos combinados de muitos riscos genéticos e ambientais, cada um com um efeito muito pequeno.

26–62

**Pessoas com TDAH frequentemente apresentam desempenho prejudicado em testes psicológicos de funcionamento cerebral, mas esses testes não podem ser usados ​​para diagnosticar o TDAH.**

63–70

Estudos de neuroimagem encontram pequenas diferenças na estrutura e no funcionamento do cérebro entre pessoas com e sem TDAH. Essas diferenças não podem ser usadas para diagnosticar TDAH.

71–77

Pessoas com TDAH apresentam risco aumentado de obesidade, asma, alergias, diabetes mellitus, hipertensão, problemas de sono, psoríase, epilepsia, infecções sexualmente transmissíveis, anormalidades oculares, distúrbios imunológicos e distúrbios metabólicos.

78–100

Pessoas com TDAH apresentam risco aumentado de baixa qualidade de vida, distúrbios por uso de substâncias, lesões acidentais, baixo desempenho educacional, desemprego, jogo, gravidez na adolescência, dificuldades de socialização, delinquência, suicídio e morte prematura.

101–136

Estudos sobre o ônus econômico mostram que o TDAH custa à sociedade centenas de bilhões de dólares a cada ano, em todo o mundo.

137–147

Agências reguladoras em todo o mundo determinaram que vários medicamentos são seguros e eficazes para reduzir os sintomas do TDAH, conforme demonstrado por ensaios clínicos randomizados controlados.

148–157

O tratamento com medicamentos para TDAH reduz lesões acidentais, lesões cerebrais traumáticas, abuso de substâncias, tabagismo, baixo desempenho educacional, fraturas ósseas, infecções sexualmente transmissíveis, depressão, suicídio, atividade criminosa e gravidez na adolescência.

158–177

Os efeitos adversos dos medicamentos para TDAH são tipicamente leves e podem ser tratados, alterando a dose ou o medicamento.

178–188

Os medicamentos estimulantes para TDAH são mais eficazes do que os medicamentos não estimulantes, mas também são mais propensos a serem desviados, mal utilizados e abusados.

189–194

Os tratamentos não medicamentosos para TDAH são menos eficazes do que os tratamentos medicamentosos para os sintomas de TDAH, mas são frequentemente úteis para ajudar os problemas que permanecem após a otimização da medicação.

195–208

 

**Déficits de Desempenho em Processos Psicológicos**

63- Uma meta-análise de 137 estudos com mais de 9.400 participantes de todas as idades descobriu que o TDAH estava associado a pontuações moderadamente mais baixas de QI e de leitura e maiores reduções nas pontuações de ortografia e aritmética (Frazier et al., 2004). Outra meta-análise, abrangendo 21 estudos com mais de 1.900 adultos, concluiu que os déficits de QI associados ao TDAH eram pequenos e não clinicamente significativos (Bridgett e Walker, 2006).


64- Uma série de meta-análises descobriu que pessoas com TDAH tinham dificuldades pequenas a moderadas com resolução abstrata de problemas e memória de trabalho (12 estudos, 952 pessoas), atenção focada (22 estudos, 1.493 pessoas), atenção sustentada (13 estudos, 963 pessoas) e memória verbal (8 estudos, 546 pessoas) (Schoechlin e Engel, 2005). Outra meta-análise, com 11 estudos com 829 participantes, relatou que pessoas com TDAH eram moderadamente mais propensas a erros cognitivos conhecidos como “violações de regras” (Patros et al., 2019).


65- Duas meta-análises, uma com 21 estudos e mais de 3.900 participantes, a outra com 15 estudos com mais de mil participantes, descobriram que aqueles diagnosticados com TDAH têm uma tendência moderada a favorecer pequenas recompensas imediatas em vez de grandes recompensas tardias (Jackson e MacKillop, 2016; Marx et al., 2018).


66- Uma meta-análise de 37 estudos com mais de 2.300 participantes encontrou uma associação pequena a moderada entre TDAH e tomada de decisão arriscada (Dekkers et al., 2016). Outra meta-análise, combinando 22 estudos com 3.850 crianças e adolescentes, descobriu que aqueles com TDAH exibiram moderadamente maior tomada de decisão impulsiva em geral em tarefas de desconto de atraso e atraso de gratificação (Patros et al., 2016).


67- Uma meta-meta-análise recente incluiu 34 meta-análises de perfis neurocognitivos em TDAH (todas as idades) referentes a 12 domínios neurocognitivos. Aqueles com TDAH tiveram deficiências moderadas em vários domínios (memória de trabalho, variabilidade do tempo de reação, inibição de resposta, inteligência/realização, planejamento/organização). Os efeitos foram maiores em crianças e adolescentes do que em adultos (Pievsky e McGrath, 2018).


68- Uma meta-análise de 49 estudos e mais de 8.200 crianças e adolescentes encontrou deficiências moderadas na memória de trabalho em pessoas com TDAH. Esses déficits diminuíram com a idade (Ramos et al., 2020).


69- Entre os jovens com TDAH, uma série de meta-análises não encontrou diferenças significativas entre os sexos nos sintomas totais de TDAH (15 estudos, mais de 3.400 jovens), sintomas de desatenção (26 estudos, mais de 5.900 jovens) ou sintomas de hiperatividade-impulsividade (24 estudos, mais de 4.900 jovens) (Loyer Carbonneau et al., 2020).


70- Uma meta-análise de ensaios clínicos randomizados (RCTs) com crianças em idade pré-escolar descobriu que o treinamento cognitivo levou a uma melhora moderada na memória de trabalho (23 estudos, mais de 2.000 participantes) e a uma melhora pequena a moderada no controle inibitório (26 estudos, mais de 2.200 participantes) (Pauli-Pott et al., 2020).

 

 

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