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FILME: Divertida Mente 2 - O que podemos pensar sobre as emoções na puberdade?

O filme Divertida Mente recebeu ótimas críticas quando foi lançado em 2015, por sua abordagem criativa para ilustrar as emoções de sua protagonista de 11 anos, uma garota loira, americana, chamada Riley. Ainda assim, houve muito debate sobre a adequação das cinco emoções principais selecionadas para o filme – Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojo. É um debate que continuou muito depois de terminar a exibição nos cinemas.


Esse debate pode ser retomado com o lançamento do Divertida Mente 2, que é sobre as emoções da adolescente de 13 anos que está prosperando na sua nova cidade. Ela tem amigos e é uma estrela em seu time de hóquei. Mas quando a puberdade chega em uma noite, quatro novas emoções agitam as emoções centrais de Riley: Inveja, Tédio, Vergonha e, acima de tudo, Ansiedade.


Essas emoções são precisas para a puberdade?

Embora o filme seja uma ficção, podemos aprender algo sobre o tema.


“Acho que representar as emoções como algo muito restrito – cada personagem sendo uma emoção – não é representativo da vida real”, disse Adriana Galván, diretora do Laboratório de Neurociência do Desenvolvimento da UCLA - Universidade da Califórnia em Los Angeles. “As emoções se misturam. Por exemplo, você pode sentir Raiva pura, mas essa Raiva provavelmente também está associada à Decepção ou à Tristeza.”


Começar a vivenciar e gerenciar emoções complexas é uma característica fundamental do crescimento, acrescentou ela. A puberdade, que normalmente começa entre os 11 e os 14 anos, marca o início de um período muito mais longo na vida, até meados dos 20 anos de idade, denominado adolescência. É quando o cérebro está mais plástico e aberto para aprender coisas novas, segundo Galván. É também um momento em que os adolescentes passam por uma ampla gama de mudanças emocionais.


“Fiquei desapontada por eles não terem representações das emoções positivas que acontecem durante a adolescência”, disse Galván. “A exploração está associada à motivação que acontece durante a adolescência. Há muita Coragem e Amor, que são emoções muito fortes.”


A ênfase continua no que consideraríamos “emoções negativas”, comentou, com preocupação, Jess P. Shatkin, psiquiatra-chefe do Child Study Center, NYU Langone. A adolescência não é só escuridão, disse ele. “Nessa idade, você fica muito motivado a tentar reconhecer suas emoções e saber com o que está lidando, para poder processá-las de maneiras mais saudáveis.”


“Autoeficácia é saber que você pode agir de maneira… eficaz, o que significa que você pode definir metas para si mesmo”, disse Shatkin. “Pode tirar boas notas? Pode entrar na faculdade? Pode entrar no time de basquete? Se não entrar na equipe, como faz para lidar com isso? É nisso que o indivíduo está trabalhando.”


Não ser capaz de “entregar e impressionar” os colegas pode deixar um adolescente Envergonhado ou induzir à Ansiedade de exclusão social, disse Shatkin. Mas o mesmo impulso competitivo, disse ele, pode impulsionar os adolescentes a gerir melhor as suas emoções e a ter mais autoeficácia e autorregulação emocional.


As evidências científicas apoiam as quatro emoções principais que os criadores da Pixar escolheram destacar na adolescente Riley. Por exemplo, o aumento de situações em que se assumem riscos, que Galván e Shatkin identificaram como uma característica distinta da adolescência, pode dar origem à Ansiedade, à Inveja ou à Vergonha nos adolescentes.


Durante a adolescência, o cérebro funciona “como um carro de corrida com esteroides” para compreender e assimilar o que o rodeia, disse Shatkin. É provável que esse ambiente mude rapidamente, à medida que a criança passa de um ambiente majoritariamente centrado na família para um ambiente centrado nos pares.


Assim, um objetivo principal dos adolescentes é formular um sentimento de Pertencimento, identificando o seu grupo de pares e as atividades em que prosperam. Os hormônios dopamina e oxitocina, liberadas em excesso durante o início da adolescência, ajudam a impulsionar este processo.


“A maioria das pessoas pensa na dopamina como um neurotransmissor do prazer, mas a forma como um cientista pensa sobre a dopamina é a seguinte: ela é um neurotransmissor de aprendizagem, como algo para lhe ensinar”, disse Shatkin. “Se não tivéssemos a dopamina, nunca repetiríamos aquela ação por não sabermos que nos sentiríamos bem.”


Juntamente com a oxitocina, chamada de hormônio de ligação, a adolescência caracteriza-se por uma competição acirrada, onde os adolescentes competem para “criar laços” e encontrar o local certo de acolhimento social. Durante esse período, o córtex pré-frontal sofre um rápido crescimento. Essa área do cérebro é “realmente crítica para te ajudar a reconhecer que as pessoas são diferentes de você”, diz Galván.


À medida que os adolescentes se tornam mais conscientes das pessoas ao seu redor, isso leva a um aumento da autoconsciência, de acordo com Cindy Huang, psicóloga do Teachers College, da Universidade de Columbia. Isso facilmente leva à Inveja, à Vergonha e ao aumento da Ansiedade, diz Huang.


“Todas essas emoções são vivenciadas o tempo todo, em qualquer estágio”, disse Huang. “Mas a compreensão do que você está vivenciando e como esses sentimentos são expressos é o que muda com o tempo.”


Os psicólogos estavam mais divididos quanto à escolha do Tédio como uma emoção da puberdade. Como o Tédio pode representar algo a mais, incluindo a depressão, uma justificativa psicológica para sua conexão com a puberdade pode ser complicada sem ver o filme real, disse Huang.


Embora Divertida Mente 2 possa simplificar as emoções humanas para criar personagens mais atraentes, o filme pode ensinar que a puberdade ainda pode ter valor, tanto para adolescentes quanto para outras pessoas. “O filme pode ajudar as pessoas a pensarem em aceitar emoções complexas, que é muito do que significa crescer”, disse Shatkin.


“Eu sou totalmente a favor”, disse, Huang, sobre as escolhas. “Foi simplificado, entretanto é uma ênfase no que o filme está tentando dizer: destacar os anos difíceis da adolescência, que podem ser realmente difíceis – mas também muito bons.”


O filme acertou sobre a ansiedade?

A psicóloga clínica e consultora de Divertida Mente 2, Lisa Damour, diz que o filme é surpreendentemente preciso quando se trata de experimentar a Ansiedade e a puberdade.


Particularmente, Damour observa que, tal como no filme, os médicos veem a Ansiedade como um membro importante do conjunto maior de emoções.


“Como psicólogos, vemos a Ansiedade como uma emoção humana importante, valiosa, protetora e natural”, diz ela. “Só vemos a Ansiedade como patológica se ela estiver antecipando ameaças que não são reais ou reagindo exageradamente a problemas potenciais”.


No filme, os planos da Ansiedade culminam com Riley tendo um ataque de pânico. Damour observa que esta cena também foi retratada com bastante precisão no filme – como uma experiência avassaladora que faz Riley hiperventilar e se desconectar de si mesma e do mundo exterior.


Parte do que ajuda Riley a superar seu ataque de pânico é tocar seu taco de hóquei. Damour diz que fazer isso – tocar algo – é conhecido como técnica de aterramento. É uma verdadeira ferramenta que os terapeutas ensinam aos seus pacientes para ajudá-los a controlar a Ansiedade nestes momentos particularmente intensos.


Mas não é a única ferramenta disponível.


Damour também observa que as pessoas usam intervenções cognitivas para tornar a Ansiedade mais controlável. Isso pode envolver a reformulação de pensamentos negativos, de crenças limitantes e ajudar as pessoas a recuperarem o seu juízo.


E no final, diz ela, é fundamental lembrar que a Ansiedade é normal. “Nosso objetivo não é livrar as pessoas da Ansiedade. Nosso objetivo é ajudar as pessoas a controlar a Ansiedade se ela atingir um nível irracional”, diz ela.


FONTE:



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