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Educação Financeira Infanto-juvenil

“Eduquem as crianças e não será preciso castigar os adultos.” (Pitágoras)


A educação financeira infantil deve ir, e vai, além da simples preocupação com o ensinar sobre o manuseio de dinheiro, a começar pela necessidade de conscientização sobre a importância relativa do dinheiro e das riquezas na vida das pessoas. Há muitas coisas e valores mais importantes do que o dinheiro, claro! Mas isso não reduz a importância dele em nossas vidas. Se o dinheiro é importante, precisamos conhecê-lo, aprender a usá-lo, e saber cuidar dele, principalmente do nosso – nossas finanças pessoais. E precisamos nos preocupar para que nossos filhos também sejam preparados para isso, ou se tornarão adultos tão despreparados para lidar com suas finanças, quanto muitas pessoas da nossa geração.


Eis alguns pontos de reflexão importantes a serem ponderados na educação financeira infantil:


Escolhas e Limites

São palavras-chaves da educação financeira. É preciso entender e ensinar que cada escolha implica numa renúncia. Quem quer atingir um objetivo importante precisa evitar pequenas tentações ao longo do caminho. E poucas coisas deixam tão claras a questão dos limites quanto o dinheiro. Isso ou aquilo? Se não se pode ter tudo o que se deseja, deve-se aprender a cuidar e apreciar tudo o que se tem.


Querer e Precisar

Crianças precisam ser esclarecidas sobre diferenças entre simples desejos, necessidades básicas, necessidades acessórias e desejos de difícil realização. Quando isso fica claro e as prioridades são respeitadas, raramente falta dinheiro para o básico e desgastes desnecessários são evitados.


Dinheiro e Presentes Não Substituem Afeto e Presença

A dinâmica da vida moderna faz com que muitos pais e mães fiquem bastante tempo fora de casa, longe dos filhos. Não são poucos os que tentam compensar essa ausência com dinheiro ou presentes, e alguns filhos abusam disso. É o tipo de situação que pode ajudar no momento, mas prejudicar o futuro dos filhos, inclusive na relação familiar.


Sim ou Não?

O uso adequado e balanceado dessas respostas pode ajudar na educação financeira. Nem tudo o que se pode dar, deve ser dado. Nem tudo o que se gostaria de negar, deve ser negado. Fazer um adequado balanceamento de quando atender ou negar algum pedido dos filhos, especialmente em relação ao consumo, poderá ensinar-lhes a conviver com oportunidades que o dinheiro pode proporcionar e a aceitar que nem tudo o que se deseja será conquistado facilmente, ainda que seja apenas uma questão financeira.


Agora ou Depois?

Ao acostumar as crianças a esperar, a não terem todos seus impulsos de consumo atendidos, especialmente no momento em que manifestam o desejo, elas aprenderão que muitos dos impulsos são passageiros e que não resistem sequer a uma noite de sono. Ao aprender a esperar, percebem que certos desejos são efêmeros e aos poucos elas vão amadurecendo e desenvolvendo hábitos de consumo responsável.


Respeite a Realidade Infantil

Nada de economês, contabilês ou financês, ou seja, deve-se evitar o uso de termos técnicos e vocabulários desconhecidos que gerem desconforto às crianças. Nem conversas chatas sobre o futuro distante. Os papos com crianças devem ser baseados em linguagem simples, baseados no cotidiano e no interesse delas. Crianças não pensam em aposentadoria. Não pensam em universidade. Não se imaginam como chefes de família. Enquanto não chegarem à adolescência, basta saberem que precisarão pensar nisso um dia e que precisarão entender para fazerem boas escolhas. Melhor investir na sensibilização do que descarregar teorias. Se o interesse por aprender mais for despertado, o terreno estará fértil para as próximas fases, na adolescência e juventude.


Use e Abuse do Lúdico

A literatura infantil dirigida, jogos especializados e filmes são excelentes instrumentos para provocar conversas sobre temas importantes de educação financeira. Mas é claro que livros, jogos e filmes sozinhos não têm a mesma capacidade de ensino e atração do que a presença e participação dos pais. Leia, jogue e assista filmes junto com seus filhos. Lições de educação financeira serão apenas parte dos benefícios para ambos.


Mesada em detalhes...

A mesada geralmente constitui a primeira fonte de renda regular das crianças e jovens. É um excelente instrumento para educação financeira. Proporciona experiências, motivação, responsabilidade, conquistas, reflexões e outras oportunidades de aprendizado, inclusive diante de algumas frustrações e limitações. Sendo um instrumento, precisa ter seu uso orientado para que seja bem aproveitada. Não basta colocar dinheiro nas mãos das crianças e esperar que aprendam a fazer o uso correto por si mesmas. Além de dar instrumentos, os pais precisam orientar, acompanhar, avaliar o uso, ajudar a corrigir rumos, tirar proveito das oportunidades para explorar lições de educação financeira relacionadas à realidade e, de preferência, às próprias experiências e expectativas da criança.


Dentre os benefícios de educação financeira que a mesada oferece, podemos destacar:

  • o convívio com limites – o próprio valor da mesada;

  • situações de escolhas – comprar isso ou aquilo;

  • planejamento e autocontrole – esperar a data de receber o dinheiro ou dois ou mais períodos para obter a soma desejada para algum objetivo;

  • desenvolvimento de autoconfiança, independência e autoestima – gestão dos próprios recursos.

Com o tempo, crianças que recebem mesada perceberão que se gastarem rapidamente, ou gastarem tudo se defrontarão com situações em que prefeririam não ter gastado todo o dinheiro antes. Muitas aprenderão a poupar, juntar e até a investir. De maneira geral, a prática do manuseio da mesada ajudará as crianças a vivenciarem situações próximas da realidade da vida financeira dos adultos. A vantagem é que nessa fase os erros são inconsequentes e os benefícios de aprendizagem, ao contrário, trarão boas consequências para a vida toda.


Questões importantes com as quais muitos pais se deparam:


Com que idade começar?

Não existe consenso entre os especialistas, mas a maioria concorda que a partir da alfabetização, geralmente aos seis ou sete anos, a mesada pode ser introduzida, se a criança quiser.


A mesada deve ser mensal?

Mesada é o nome genérico do dinheiro dado com regularidade pelos pais aos filhos, seja ela com frequência semanal, quinzenal ou mensal. Crianças menores geralmente têm dificuldade para lidar com horizontes temporais longos. Isso poderia causar-lhes frustração e ansiedade. O ideal é customizar o intervalo de acordo com a idade, conforme sugerido no gráfico.


Como definir o valor da mesada?

Não existe regra adequada a todas situações. O local onde moram, o tamanho da família, a situação financeira, a renda familiar e os hábitos de cada família diferem uns dos outros. Um bom parâmetro pode ser obtido a partir da observação dos hábitos e necessidades da criança durante dois a três meses, antes de iniciar o pagamento da mesada. Outra base pode ser obtida a partir da conversa com pais dos amiguinhos próximos para que a mesada de seu filho fique compatível tanto com a capacidade financeira da família, quanto com os valores da mesada da turminha dele. Nem muito acima, nem muito abaixo – na média seria ótimo! Na dúvida entre dois valores, opte pelo menor, pois a escassez ensina mais do que a abundância. Há famílias que estipulam o valor de acordo com a idade da criança: 6 anos, R$6,00 de semanada, 7 anos, R$7,00 de semanada até chegar à adolescência e mudar para mesada. Com o tempo, acompanhe o uso da mesada e as mudanças de hábitos naturais da infância e da adolescência. Periodicamente avalie se o valor está adequado para evitar defasagens.


O valor da mesada deve contemplar o lanche na escola?

No caso de as crianças levarem dinheiro para lanchar na escola, esse deve ser dado e acompanhado separadamente do valor da mesada. Isso para evitar que a criança opte por deixar de se alimentar para fazer uso do dinheiro com outra finalidade.


O valor da mesada deve oscilar de acordo com o desempenho escolar?

Isso é delicado, pois pode estimular uma personalidade mercenária na criança. O desempenho escolar deve ter outras motivações, independente do dinheiro.


As crianças podem receber mesada para arrumar seu quarto?

A mesada, por princípio, não deve exigir contrapartida em atividades. Aí vira salário ou honorário. Arrumar o próprio quarto, cuidar dos próprios bens ou do material escolar são obrigações sociais que podem ou não ser dispensadas, mas não devem ser remuneradas. Assim como para tirar a própria louça da mesa, guardar seus brinquedos, dar banho em seu cachorro ou coisa parecida. Porém, podem ser combinadas regras na família em que as crianças assumam, as vezes, algumas responsabilidades que não sejam naturalmente delas, em troca de pequena remuneração. Mas isso não deve ter relação com a mesada. Também não se trata de educação financeira, tem relação com empreendedorismo, outro tema igualmente importante para a educação financeira infantil.


Dicas para os Pais

→ Escolham dias fixos para pagamento da mesada ou semanada. Para pagamentos semanais, o domingo é o dia geralmente escolhido. No caso de pagamentos mensais, o bom seria coincidir com a data da principal fonte de renda do pai ou da mãe , especialmente quando são assalariados.


→ Evitem atrasar ou adiantar a mesada. É importante as crianças se acostumarem com conceitos de regularidade , adimplência e responsabilidade. Façam a sua parte. Se houver atraso no pagamento, pode caber uma multa simbólica. Se insistirem em pedir adiantamentos, cabe negociar algum desconto.


→ O acompanhamento e os controles podem ser mais flexíveis para crianças que demonstrem mais responsabilidade e mais estreitos para aquelas que apresentem sinais de que não vêm fazendo uso adequado.


→ Regras claras evitam problemas. Estabeleçam regras e limites de maneira clara. Acordem o que pode ou não ser feito com o dinheiro da mesada.


→ Procurem contemplar na mesada um valor destinado à poupança. É importante que as crianças criem esse hábito desde pequenas. Quando cabível , forneçam também cofrinho, conta de poupança , conta em corretora de valores, etc.


→ Até a criança acostumar-se com a mesada, o ideal é fazer pagamento em espécie – em dinheiro mesmo. Depois, e já na adolescência, principalmente se vive em grandes centros, pode adotar outros instrumentos, como um cartão de débito ou cartão-mesada.


Nem 8, nem 80!

Muitos pais ficam orgulhosos quando seus filhos são “econômicos”, não gostam de gastar o próprio dinheiro, juntam 100% da mesada e não ficam pedindo para comprar isso ou aquilo o tempo todo. Atenção! Se isso acontecer com frequência e por longos períodos, sem motivação aparente, pode ser indicativo de muito apego ao dinheiro, o que não é saudável. Bom atentar para outros sinais, como não querer desfazer-se de roupas e calçados que não usa ou não servem mais, não aceitar fazer doação de brinquedos que não brinca há muito tempo, não gostar de compartilhar ou dividir o lanche, bebidas e outros itens que crianças costumam dividir com naturalidade. Esses sinais, quando combinados a outros fatores, podem ser indicativos de personalidade com traços de egoísmo ou avareza. Nada a preocupar se for algo eventual, ou com motivação clara. Caso contrário, pode ser recomendável buscar apoio ou avaliação de um profissional especializado, como psicólogos.


Crianças no Supermercado e no Shopping

Há quem diga que não se deve levar crianças ao supermercado, para reduzir os gastos. Mas, se elas não forem com os pais, como aprenderão a fazer compras para suas futuras casas? Como perceberão o quanto custa manter um lar? Levar as crianças eventualmente ao mercado e ao shopping pode resultar em mais integração familiar e os pais conhecerão mais os gostos dos filhos, perceberão melhor suas vontades e jeito de ser e terão boas oportunidades para oferecer-lhes lições de educação financeira com bastante naturalidade.


Uma boa tática para evitar problemas nessas horas é previamente estabelecer um limite de compras para cada criança: R$ 5,10,20... Não importa!


O importante é:

  • as crianças terem esse orçamento pessoal para fazerem suas escolhas;

  • depararem-se com limitações de gastos, com a necessidade de decidir por um ou outro produto ou tamanho de embalagem;

  • comparação de diferentes tamanhos de embalagem para ver a mais econômica;

  • pesquisa de marcas de produtos similares em busca de produtos melhores ou mais econômicos;

  • atenção às promoções, falsas e verdadeiras;

  • atenção à variação de preços de produtos sazonais;

  • descobrirem preços dos produtos preferidos.

e tudo isso ao invés de ficar discutindo com os pais por querer comprar muito, independente do preço e da quantidade.

 




A História do Dinheiro








De Onde vem o Dinheiro?






LIVRO:

Zequinha e a porquinha Poupança

Autor: Álvaro Modernell

Ilustradora: Cibele Santos





LIVRO:

A Economia de Maria

Autora: Telma Andrade

Ilustradora: Silvana Rando





LIVRO:

A Menina, o Cofrinho e a Vovó

Autora: Cora Coralina

Ilustradora: Cláudia Scatamacchia




FÁBULAS DE ESOPO:

A Cigarra e a Formiga

MORAL DA HISTÓRIA:

Quem não sabe manter

o equilíbrio entre

o trabalho e o lazer

fica sem ter o que comer



Cartilha do SEBRAE - Educação Financeira Infanto-juvenil

Jogo de Cartas da Serasa Experian, recomendado para crianças de 7 a 10 anos, permite perceber:

  • o valor das coisas

  • o consumo como um processo de escolhas que envolve presente e futuro

  • a diferença entre valores e preços, com temas próximos do cotidiano.

Cada uma das 32 cartas contém uma atividade, como ir ao cinema ou desenhar, e vale mais ou menos pontos de acordo com cinco classificações: diversão, amigos, preço, movimentação física e criatividade. O objetivo do jogo é escolher o item de sua carta que pode bater a pontuação do outro jogador, e assim ver, na prática, que algumas riquezas são grátis, mas valem muito, como amizades e diversão.


Dicas de Livros







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