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Diferença entre o Psicopata e o Suposto Sociopata

(Tradução livre)


A desinformação persistente sobre o psicopata reforça a confusão pública.

O tópico da psicopatia surge com frequência na mídia, e uma das perguntas mais comuns que os psicólogos fazem na televisão e na mídia impressa parece aparentemente ser simples:


"Qual é a diferença entre um sociopata e um psicopata?"


A resposta, infelizmente, é complexa, em parte porque, em primeiro lugar, a pergunta é mal elaborada. A resposta correta requer uma reformulação integral da pergunta.

Para começar, “psicopata” é um termo usado para se referir a alguém que apresenta psicopatia, ou traços psicopáticos. “Sociopata”, “sociopatia” e “sociopático” não são termos clínicos verdadeiros, o que significa que são termos não endossados pela American Psychiatric Association – Associação de Psiquiatria Americana – e nem por um profissional de saúde mental amplamente reconhecido e focado em pesquisas, como Robert Hare, psicólogo canadense que criou a escala para diagnosticar a psicopatia, Psychopathy Checklist - Lista de Verificação de Psicopatia. Então, “psicopata” é um termo clínico e “sociopata” não é um termo clínico. Os profissionais de saúde mental devem evitar o uso de qualquer versão do termo "sociopata". Desde que fui treinado na Psychopathy Checklist - PCL - de Robert Hare aprendi a fazer isto.


O assunto da psicopatia é ainda mais complicado pela existência de outro termo que é frequentemente usado para descrever um conjunto semelhante de características e comportamentos de personalidade: Transtorno da Personalidade Antissocial. Na mídia e em consultórios de terapeutas em todo o mundo, os termos “psicopata” e “sociopata” são frequentemente usados ​​como sinônimos, apesar de apresentarem diferenças reais. As diferenças são ilustradas aqui de forma concisa no esforço de ajudar a reduzir a confusão entre os profissionais de saúde mental, na mídia e também entre o público.


O Transtorno da Personalidade Antissocial é um transtorno de personalidade que aparece no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (5ª ed., DSM5, American Psychiatric Association, 2013). O Transtorno Antissocial é focado principalmente em comportamentos. Os critérios do DSM5 incluem a desconsideração e a violação dos direitos de terceiros desde os 15 anos de idade, conforme indicado por sete características possíveis:

  • falha em obedecer às leis e às normas devido a comportamento que resulta em detenção ou que justificaria a prisão criminal;

  • mentira, engano e manipulação, para lucro ou autodiversão;

  • comportamento impulsivo;

  • irritabilidade e agressividade, que se manifestam em frequentes insultos a outras pessoas ou envolvimento em brigas;

  • evidente descaso pela própria segurança e a dos outros;

  • um padrão de irresponsabilidade; e

  • ausência de remorso por ações.

A estruturação para o diagnóstico do Transtorno Antissocial, com foco nos comportamentos, foi elaborada na tentativa de tornar o diagnóstico mais confiável (e menos subjetivo). A limitação, no entanto, é que, ao focar nos comportamentos, o construto não explica satisfatoriamente as características de personalidade que são frequentemente vistas em indivíduos que apresentam esta constelação complexa de comportamentos conturbados. Em outras palavras, a estruturação do DSM5 pode ser confiável, mas não tão válida, pois omite um foco relevante dos componentes cruciais da personalidade psicopática.


Devido à evidente deficiência na estruturação do Transtorno da Personalidade Antissocial pelo DSM5, o psicólogo canadense Robert Hare criou a Psychopathy Checklist - PCL (Hare, 1980), uma escala de avaliação e inventário de traços de personalidade percebidos e de comportamentos observáveis ​​usados ​​na análise da psicopatia em populações criminosas. A Psychopathy Checklist - PCL - original consistia em 22 itens distintos e incluía uma entrevista semiestruturada com revisão de informações paralelas, que podem incluir registros oficiais.


O desenvolvimento da Psychopathy Checklist - PCL - reflete a crença de Hare e seus colegas de que uma medida diagnóstica mais completa - incluindo comportamentos e características de personalidade - era necessária, pois a estruturação do Transtorno da Personalidade Antissocial não foi completa o suficiente para diagnosticar homens e mulheres que apresentem descaso às regras, às convenções sociais e às leis; eles são charmosos, manipuladores e exploradores; e eles não têm empatia, culpa ou remorso.


A PCL foi criada com a intenção de estabelecer uma escala mais objetiva e acessível a investigadores clínicos e não clínicos; para permitir a consideração da personalidade de toda uma vida e traços comportamentais exibidos pelo agressor; e conectar a escala de avaliação ao construto clínico da psicopatia, conforme descrito por Hervey Cleckley, verdadeiramente considerado o pioneiro da psicopatia (Brazil & Forth, 2016). Os principais traços de personalidade de Cleckley avaliados na PCL incluem charme superficial; mentira e falta de sinceridade; ausência de nervosismo; comportamento antissocial com motivação inadequada (eles podem fazer algo prejudicial sem motivo aparente); egocentrismo patológico; falta de remorso e vergonha; e a incapacidade de seguir um plano de vida, entre outros (Cleckley, 1982). Esta lista dos principais traços de personalidade psicopática ressalta como a psicopatia é diferente da atual estruturação do Transtorno da Personalidade Antissocial, essa lista é uma avaliação mais aprofundada da personalidade.


Em 1991, Hare publicou a versão revisada, Psychopathy Checklist-Revised – PCL-R (Hare, 1991), e publicou a segunda revisão em 2003 (Hare, 2003). Observe que a versão atual possui 20 itens e que uma pontuação de 30 ou mais na escala designa alguém como um "psicopata". Sobre os termos que os profissionais devem utilizar em seus relatórios clínicos, aprendi em meu treinamento que não deve incluir a classificação de "psicopata" , devendo se referir às características como apresentação de "traços psicopáticos" ou "traços psicopáticos graves".


Simplificando, qual é a diferença entre Transtorno da Personalidade Antissocial e psicopatia?


A principal diferença entre o Transtorno da Personalidade Antissocial e a psicopatia é que Transtorno se concentra mais no comportamento, enquanto a psicopatia (diagnosticada, utilizando a PCL-R) inclui um grupo de itens (conhecido como Fator 1 da PCL-R) que são comumente considerados como o núcleo dos traços da personalidade da psicopatia (Skeem, Poythress, Edens, Lilienfeld e Cale, 2002).


O fato da psicopatia não estar incluída no DSM5 (como o Transtorno da Personalidade Antissocial) não significa que a psicopatia seja uma construção diagnóstica inferior ou imprecisa. A Psychopathy Checklist e suas revisões foram desenvolvidas com base na validade de estudos e na análise estatística, e a PCL-R é utilizada atualmente no sistema judicial, pelo Federal Bureau of Investigations e em outras instituições.


Para reduzir a desinformação e a confusão do público em torno dos termos usados ​​para descrever a personalidade antissocial e psicopática, meu desejo é que a American Psychiatric Association, que publica o DSM5, e Robert Hare e seus prodígios possam chegar a um consenso significativo e estabelecer uma estrutura de diagnóstico que englobe melhor os comportamentos complexos e as características de personalidade que são vistos nesses raros indivíduos (um por cento?). Além do mais, a personalidade psicopata não deveria ser incluída de alguma forma na "bíblia" profissional dos diagnósticos, o DSM? Pode ser que a construção requeira um termo com duas variações. Outros transtornos são conceituados dessa forma, incluindo, por exemplo, Transtorno Bipolar I e Transtorno Bipolar II. Talvez, seja necessária uma estrutura no DSM que inclua o Transtorno da Personalidade Psicopática I ou o Transtorno da Personalidade Psicopática II; talvez, seja necessário incluir o Transtorno da Personalidade Antissocial e o Transtorno da Personalidade Psicopática no DSM.


Até que haja uma reconciliação desses termos semelhantes, mas diferentes - antissocial e psicopata - eles continuarão a ser usados ​​incorretamente como sinônimos, e o termo não clínico “sociopata” continuará a ser utilizado.


Até que uma mudança ocorra, os profissionais de saúde mental devem utilizar "personalidade antissocial" (termo endossado pela APA) ou "traços psicopáticos" (termo endossado por Hare e usado na avaliação da psicopatia no âmbito forense) .


Referências

American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Washington, DC: Author.

Brazil K.J., Forth A.E. (2016) Hare Psychopathy Checklist. In: Zeigler-Hill V., Shackelford T. (eds) Encyclopedia of Personality and Individual Differences. Springer, Cham.

Cleckley, Hervey (1982). The mask of sanity. Revised Edition. Mosby Medical Library.

Hare, R. D. (1980). A research scale for the assessment of psychopathy in criminal populations. Personality and Individual Differences, 1,111–119.

Hare, R. D. (1991). The Hare Psychopathy Checklist—Revised. Toronto: Multi-Health Systems.

Hare, R. D. (2003). The Hare Psychopathy Checklist—Revised (2nd ed.). Toronto: Multi-Health Systems.

Skeem, Jennifer L.; Poythress, Norman; Edens, John F.; Lilienfeld, Scott O.; Cale, Ellison M. (2002). "Psychopathic personality or personalities? Exploring potential variants of psychopathy and their implications for risk assessment" (PDF). Aggression and Violent Behavior. 8 (5): 513–546. doi:10.1016/S1359-1789(02)00098-8.


Autores

Katie Gilbert, jornalista freelance que escreve regularmente para Institutional Investor.

Seth Meyers, Psy.D., é psicólogo clínico e especialista em relacionamentos.


Fonte

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