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Como os Psicopatas Corporativos Usam as Emoções para Manipular os Outros

(Tradução livre)


Um mito persistente sobre psicopatas envolve a crença de que eles são criminosos insensíveis e sem emoção, principalmente assassinos em série. Os meios de comunicação de massa (por exemplo: programas de televisão, filmes e livros) muitas vezes reforçam essa imagem imprecisa. Um programa do canal de TV ABC, "Secrets of Your Mind" (Segredos da sua Mente), apresentou a história de um terrível assassino em série/psicopata encarcerado que foi diagnosticado com anormalidades cerebrais na região da regulação de suas emoções.

Dois fatos contradizem essa falsa crença. Primeiro, vários (possivelmente a maioria) dos psicopatas são encontrados em posições gerenciais ou de poder, ao invés de estarem na prisão/cadeia. Da perspectiva da evolução biológica, os psicopatas prosperam na sociedade pois a maioria realmente tem a habilidade de evitar a prisão. Tanto os psicopatas criminosos quanto os corporativos são prejudiciais ao bem-estar dos outros. No entanto, ao contrário dos criminosos violentos que dependem da agressão física para manter seu controle sobre os indivíduos, os psicopatas corporativos tendem a empregar a brutalidade verbal, o engano, o abuso emocional e os estratagemas para arruinar a vida das pessoas.

Em segundo lugar, não faltam emoções aos psicopatas. As emoções podem ser divididas em egoístas e direcionadas aos outros. Embora não tenham emoções direcionadas aos outros ou sociais, eles têm muitas emoções egoístas e/ou mal-adaptativas. Os psicopatas em posições de poder são bons em prejudicar e controlar os outros, em parte porque sabem como usar as emoções para manipular os outros às custas do bem-estar alheio.

Pesquisas e observações mostram que psicopatas corporativos possuem muitas emoções egoístas e/ou inadequadas, como: arrogância, grandiosidade, prazer, raiva, fúria, hostilidade, desprezo, presunção, inveja, ciúme, ganância, desconfiança, impaciência e irritabilidade. Devido ao seu encanto superficial, as pessoas muitas vezes interpretam erroneamente sua impulsividade e inescrupulosidade como sendo corajosas e determinadas, e confundem seus egos inflados e suas autoadmirações como sendo sinais de autoconfiança.

Por outro lado, as pesquisas e as observações também revelam que os psicopatas são severamente deficientes em emoções sociais, tais como: amor, compaixão, gratidão, paz, gentileza, simpatia, culpa, remorso, empatia e emoções morais gerais (por exemplo: vergonha, ansiedade e medo). Certamente, eles fingem as emoções, mas são muito superficiais e artificiais.

Resta uma pergunta a ser respondida: por que as pessoas boas e emocionalmente inteligentes se tornam, muitas vezes, vítimas de psicopatas, indivíduos com temperamentos abusivos, que exibem loquacidade, irresponsabilidade e engano, com uma necessidade excessiva de controle e interferência correspondente ao seu senso de incompetência? Em minhas observações, isso ocorre porque os psicopatas corporativos usam as emoções, incluindo as emoções dos outros, para progredirem nos seus próprios interesses.

Deixe-me usar como exemplo um gerente de nível médio. Ele usou três truques típicos para derrotar suas vítimas:

Primeiro, ele mentia constantemente para alguém desde que isso ajudasse a manter o seu controle sobre a pessoa. A vítima, que tentou se comunicar com o gerente, sempre se frustrou porque o chefe sempre negou o que fez ou justificou suas ações, dizendo "O que há de errado nisso?"

Em segundo lugar, embora o gerente não tivesse sentimento de culpa, ele conseguiu fazer a vítima abusada a se sentir inadequada, repetindo "Está tudo bem" (logo após sua explosão emocional violenta contra a pessoa que discordou dele). Basicamente, ele fez a vítima sentir que a reação emocional normal ao abuso foi exagerada. Como resultado, a vítima se sentiu culpada.

Terceiro, ele era bom em usar a empatia de outra pessoa. Embora a raiva fosse seu temperamento primário para controlar os outros, ele se destacou em mudar suas expressões emocionais de extrema raiva para extrema tristeza, automaticamente ou voluntariamente. De repente, ele parecia ser uma pessoa desamparada e triste, precisando imediatamente ser mimado por outros, despertando a empatia de suas vítimas rapidamente (essa mudança faz parte de sua atuação e é diferente da instabilidade emocional observada nos Transtornos de Personalidade Borderline).

Como lidar com eles? Concordo com a sugestão de Martha Stout de que o melhor método para lidar com psicopatas é separar-se deles ou das situações em que eles atuam.

No entanto, não compartilho do consenso de que não existe cura nem tratamento eficaz para a psicopatia, que tem um forte componente genético. Acho que a pesquisa do falecido psicólogo britânico Hans Eysenck sobre condicionamento e consciência lança uma luz sobre a psicopatia (embora ele não tenha examinado a psicopatia em si). Eysenck afirmou que as pessoas que são impulsivas, não têm (ou não aprenderam) o sentimento de culpa ou consciência sobre a culpa, que eles têm baixo condicionamento, influenciado pelo processo de condicionamento clássico, principalmente durante a infância. Embora o sistema límbico regule a eficácia do condicionamento clássico, processos de condicionamento mais frequentes e intensos podem melhorar o baixo condicionamento inato.

Em suma, os psicopatas representam uma categoria muito mais complicada do que os criminosos retratados na mídia. Eles prosperam não porque lhes faltem emoções em geral, mas porque usam as emoções (além de outros truques) para controlar os outros.


Key Sun, Ph.D., é psicólogo e assistente social, lecionou na Central Washington University e na Bastyr University.


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